segunda-feira, 25 de março de 2013

Para quem curte um samba, o Samba da Mais-Valia

Texto 4



Tempo de Trabalho Socialmente Necessário


Para sobreviver a humanidade precisa produzir e consumir constantemente. Na sociedade capitalista a Força de Trabalho é vista como uma dessas mercadorias. Mas ela é um tipo diferente de mercadoria, pois no lugar de se esgotar, de ser consumida, ela produz valor.
Tudo o que criamos carrega para sempre o nosso trabalho. Assim, se produzimos um botão, ele sempre terá uma parte do nosso trabalho nele, do trabalho de quem extraiu o petróleo para que ele fosse produzido, do trabalho de quem desenvolveu tecnologia para extrair o petróleo e transformá-lo em plástico. Ou seja, os objetos carregam os diversos trabalhos realizados para que ele pudesse ser produzido. Assim, um botão, um pedaço de linha, se deixados sem uso, são um trabalho morto. Quando usamos essa linha e esse botão para produzir um casaco, por exemplo, ressuscitamos esse trabalho, damos vida a ele novamente na produção de uma nova mercadoria. E dessa forma, o valor de cada mercadoria também vai incorporando os trabalhos necessários para que ela pudesse ser produzida.
Fazendo as Contas
Bem agora vamos precisar de uma ajudinha da matemática. Nada demais, mas serve para lembrarmos que nenhuma ciência vive sem a outra. Vamos lá. Vamos tentar descobrir o que tem no valor de um produto que precisamos todo o inverno, um casaco. Na aula passada a vimos que para produzir algo precisamos de matéria-prima, de instrumentos de trabalho e claro, da força de trabalho. Então suponhamos os seguintes valores:

R$ 100,00 – matéria-prima (nesse valor já embutido o trabalho realizado para produzi-la)+
R$ 20,00 – desgaste dos instrumentos+
R$ 30,00 – valor diário pago a cada trabalhador/a do/a trabalhador/a+
______
R$ 150 - Valor do casaco representado pela soma das diversas mercadorias que entraram na produção

Ora, se todo o valor de um produto corresponde ao que se gastou para produzi-lo, como se obtém lucro?

Mais-Valia

O capitalista poderia aumenta o valor da mercadoria casaco para R$ 200,00 e teria lucro. Mas a tendência é que todos os outros capitalistas que produzem as matérias-primas necessárias para a produção, fizessem o mesmo. Isso deixaria o sistema inviável. Diante disso, não podemos buscar as bases do lucro capitalista na compra e na venda das mercadorias e sim na sua produção.

Vejamos como isso se dá:

Imagine um trabalhador com uma jornada de trabalho de nove horas. A cada três horas ele produz um casaco. Nessas três horas ele já produziu uma quantidade de trabalho correspondente ao valor do seu salário. Como seu salário é pago por dia, as outras seis horas ele trabalhará para produzir apenas para o capitalista, gerando um valor muito maior do que o seu salário.
Observe a conta que fizemos acima, onde o custo para produzir um casaco era de R$150,00. Mas agora pense no trabalhador que em uma jornada de nove horas, produzindo um casaco a cada três horas e ganhando os mesmos R$30,00. Perceba que o capitalista obtém um valor muito maior:
R$ 120, 00 ( meios de produção: matéria-prima + instrumentos) X 3 = R$ 360,00
R$ 30,00 (salário)
________________
R$ 390,00/3: 130,00


Mais-Valia Absoluta e Mais-Valia Relativa

Além disso, há outras duas formas de se obter a Mais-Valia. Podemos aumentar as horas de trabalho, fazendo com que o/a operário/a produza mais pelo mesmo salário. Marx chamou isso de Mais-Valia Absoluta. Ou modernizamos os meio de produção, como por exemplo, uma máquina que produz mais que o modelo anterior com a mesma quantidade de tempo. Essa chamamos de Mais-Valia Relativa.



domingo, 24 de março de 2013

A História da Água Engarrafada

Galera,
 Mais um vídeo da série Promessa é Dívida. Numa das aulas de quarta, prometi postar material sobre o tema da água. Pensei que vocês gostariam mais de um vídeo do que um texto. Portanto, deixarei um bem bacana produzido pela mesma galera do Históia das Coisas e indicado pela bióloga Cintia Barenho.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Capitalismo, uma História de Amor

Prometi para uma turma que postaria o filme Capitalismo, uma História de Amor, produzido pelo Michael Moore, aqui no nosso blog. Infelizmente não encontrei o filme completo no youtube com legendas em português, apenas achei o trailer. De qualquer forma, fica a dica de um baita documentário que mostra a situação dos EUA durante a crise financeira e demostra o que a mídia tenta esconder, mostra as razões e os efeitos dessa crise na maior potência econômica e militar do mundo.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Texto 3



A história das coisas





Na última aula assistimos ao vídeo A História das Coisas. Ele destacou coisas bem importantes sobre a forma como produzimos e consumimos. Vamos relembrar os pontos mais importantes?



Produção:



Exploração dos recursos naturais: produzimos as coisas que consumimos utilizando recursos da natureza. Por exemplo, retiramos da natureza a madeira para produzirmos papel, lápis, móveis. Também retiramos petróleo para produzir plástico, e assim por diante. O problema é que, por exemplo, o papel é produzido a partir do eucalipto, que por sua vez, consome uma quantidade tão grande de água para se desenvolver que coloca em risco os rios que o cercam. O Petróleo é um bem finito e extremamento poluente, mas nós continuamos a usá-lo desenfreadamente.



Produtos tóxicos: boa parte do que consumimos é produzido com materiais tóxicos, que por sua vez nos envenenam. Os nossos alimentos, muitas vezes, também estão envenenados com agrotóxicos ou produzidos com sementes transgênicas, as quais são denunciadas cotidianamente por cientistas e trabalhadores/as rurais como perigosas à nossa saúde.



Exploração do trabalhador: para poder explorar ainda mais os recursos naturais e utilizar produtos tóxicos na produção, as grandes empresas buscam se instalar em países pobres, onde os governos façam “vistas grossas” aos seus crimes ambientais e onde existam pessoas desesperadas o bastante para trabalharem por muito pouco. É explorando esses países e seus trabalhadores/as que é possível a produção de mercadorias tão baratas. Você já viu onde são produzidas os artigos vendidos nas lojas de “1,99”?



Consumo

Para tudo isso funcionar, as pessoas precisam estar constantemente comprando. Mas o que acontece se pararmos de comprar? A resposta é: entraremos em crise econômica. O capitalismo é um modo de produção baseado na ideia de consumo incessante. Mas se estamos acabando com o mundo, e sabemos disso, como nos convencem a continuar comprando o que não precisamos?



Obsolecência planejada: o produto é feito para não durar. Ou seja, o fato de serem feitos com matérias-primas de baixa qualidade faz com que durem pouco e custem pouco para serem produzidos. Assim, logo será necessário comprá-lo novamente. Você já percebeu que cada vez menos mandamos as coisas para o conserto? O quanto, gradativamente, é mais “em conta” comprar um novo do que mandar arrumar?



Obsolescência perceptiva: você pode resistir a tudo isso e usar o mesmo celular por três anos, afinal de contas, você só precisa que ele receba e faça ligações. Mas mesmo que não deseje nenhum dos novos recursos, perceberá o quanto ele está fora de moda. As pessoas sugerirão que você troque de aparelho, mesmo que não precise. A cada ano a moda diz qual será a cor da estação e o modelo das calças, camisas, casacos. Dessa forma, a cada ano precisamos comprar coisas novas para estamos satisfazendo não a nossa vontade, mas a vontade do modo de produção capitalista.



Mídia: somos bombadeados/as, todos os dias, pelos canais de TV, jornais, sites, outdoors e todo o tipo de propaganda, a consumir. Somos convencidos/as que tal produto deixará nosso cabelo lindo e que da forma como está hoje, está feio. Seremos mais poderosos/as quanto mais potente for o motor do nosso carro. E assim por diante.





Será que podemos continuar a viver e a produzir assim?

segunda-feira, 11 de março de 2013

A história das coisas

Vídeo A História das Coisas - completo

Texto 2



A sociedade Capitalista


Quando compramos qualquer coisa, roupas, calçados, alimentos, bebidas, brinquedos, estamos participando da vida econômica da sociedade. Quando trabalhamos, estamos produzindo bens e serviços para outras pessoas comprarem. Mesmo o morador em situação de rua, quando esmola, usa os centavos ganho para comprar algo e está participando da vida econômica, pois ele compra algo que foi produzido por outra pessoa e que provavelmente é vendida por outra.
Mas nem sempre fomos ao supermercado para comprar os produtos que precisamos e nem sempre a humanidade teve que consumir a quantidade de coisas que consumimos. Durante muitos séculos homens e mulheres trabalharam em conjunto para satisfazer suas necessidades. Só depois de muito tempo alguns começaram a se dizer donos das terras e dos produtos produzidos nelas, fazendo com que os demais tivessem que trabalhar para eles. Na sociedade escravista os meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram propriedade do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto, assim como um animal ou uma ferramenta. A sociedade feudal era constituída pelos senhores x servos. Os servos não eram escravos de seus senhores, pois não eram propriedade deles. Eles apenas os serviam em troca de casa e comida. Trabalhavam um pouco para o seu senhor e outro pouco para eles mesmos. Na sociedade Capitalista a terra e os instrumentos necessários para produzir estará nas mãos de poucas pessoas. E essas poucas pessoas vão fazer com que as muitas que nada tem trabalhem para elas.


O que Karl Marx diz sobre alguns terem muito e fazerem outros trabalharem para eles:
Karl Marx disse que para ter lucro, para sobrar dinheiro, o burguês vai pagar somente uma parte do trabalho que o proletário (trabalhador) realiza. Assim, quando ele vender o produto, uma parte do valor que este produto tem graças ao trabalho do proletário ficará para o burguês.
Exemplo: eu faço um par de tênis para a empresa na qual eu trabalho. O meu salário é R$ 600,00 (seiscentos reais), mas o par de tênis será vendido por R$ 650,00. Só que eu não produzo somente um par de tênis por mês, eu produzo cem pares. Ou seja: eles me pagam R$ 600,00, mas eu produzo R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil) em um mês.
Dentro da concepção marxista, todas as fábricas, escritórios, empresas, todo e qualquer trabalho na sociedade capitalista funciona dentro da lógica de explorar o trabalhador e de fazer com que todos e todas nós passemos a consumir cada vez mais coisas, para ter que trabalhar cada vez mais e assim dar mais e mais lucro para nossos empregadores. Para Karl Marx e Engels, as leis, a família, a religião, todas as instituições que fazem parte da nossa vida tentarão fazer com que aceitemos essa forma de produzir e consumir. Nos fazendo crêr que é assim, porque sempre foi, fazendo com que nos esqueçamos que nada foi sempre assim, nem precisa ser assim pra sempre.


quarta-feira, 6 de março de 2013

Texto 1

                                                         Conhecendo Karl Marx           






Karl Marx (1818-1883) pode ser considerado o maior teórico de um século do qual sequer conheceu, o século XX. Hoje vamos conhecer um pouquinho da vida dele.
O jovem Marx formou-se em Direito e sempre foi um aluno brilhante. Através dele conhecemos a maior teoria sobre a sociedade capitalista pensada até hoje. Desenvolveu ideias tão inovadoras que todas as revoluções vindas depois de seus escritos têm alguma coisa a ver com ele.
Religião
Era de origem judaica, mas sua família tinha se convertido ao protestantismo. O jovem, para o desespero do pai, afirmaria: a religião é o ópio do povo. Ou seja, para ele, a religião é uma forma de não deixar as pessoas pensarem sobre o mundo e sobre as injustiças sociais. Enquanto o povo tem medo de ir para inferno, não se revolta contra o Estado.
Uma vida nômade
Marx trabalhou como jornalista, mas por causa das coisas que contava sobre a classe dominante, os jornais sempre eram fechados e ele precisava se mudar. A classe dominante era amiga da Igreja e dos políticos e juntos mandavam no Estado. Amigos defendem seus amigos.
Porém, como todos/as nós, Marx tinha sentimentos e casou com a jovem Jenny Von Westphalen, em 12 de junho de 1843. Fofo né? Bem no dia dos namorados aqui no Brasil. Os dois jovens alemães foram então morar na França, depois na Inglaterra, e passaram vida sendo expulsos dos lugares onde viviam por causa das ideias de Marx.
Em Paris trabalhou em várias revistas, mas estava cada vez mais decidido a denunciar os abusos sofridos pelos/as trabalhadores/as no capitalismo. De tanto publicar coisas que desagradavam o governo alemão ( prussiano), seu país de origem exigiu que ele fosse expulso. Lá se vai Marx pra Inglaterra.
O Encontro com Engels
Contudo, escrevendo para o jornal Gazeta Renana, Marx conheceu Friedrich Engels. O novo amigo era filho de um rico fabricante de tecidos, mas se revoltou com a forma desumana com a qual os/as trabalhadores/as de sua época viviam e a miséria do povo. Passou a vida escrevendo com Marx e o auxiliando financeira e intelectualmente. Sim, porque Karl Marx vivia desempregado por causa das coisas que escrevia.
Lembre-se da a frase de Martin Luther King1: “Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa.”
Os dois produziram, enquanto Marx estava no exílio, o Manifesto Comunista. Esse livrinho de oitenta páginas mudou o mundo. Nele Marx e Engels denunciavam a forma como as pessoas que possuem os meios de produção se apropriavam de parte do trabalho das outras pessoas. Isso deu o maior rebuliço.
Para piorar as coisas, Marx escreveu um livro mostrando exatamente como funcionava a economia, o dinheiro, como se tinha lucro com alguma coisa, como se explorava alguém. Essa seria sua maior obra e se chamaria O Capital. Morreu escrevendo esse livro, sendo que a última parte foi terminada por Engels. Pobre, tendo perdido três filhos em decorrência das precárias condições nas quais viviam, chegou colocar a seguinte frase em uma das suas cartas a Engels: Nunca alguém falou tanto sobre dinheiro sem ter um tostão2.
E o que nós temos a ver com isso?
Bem, nesse trimestre vamos estudar a centralidade do trabalho no desenvolvimento das sociedades e o modo de produção capitalista. Karl Marx e Friedrich Engels foram os principais pensadores sobre o assunto e conhecer a vida deles nos auxilia na compreensão de sua teoria. Afinal, segundo eles mesmos, é a realidade na qual vivemos, a forma como trabalhamos, produzimos e consumimos é que determinam nossa consciência sobre as coisas.


1Lutador em defesa da igualdade racial, foi assassinado a tiros por um opositor, em abril de 1968,num hotel na cidade de Memphis, onde estava em apoio a uma greve de coletores de lixo.
2Stallybrass, Peter.O casaco de Marx: roupas, memória, dor.Belo Horizonte, Ed. Autêntica Disponível em: http://www.autenticaeditora.com.br/download/capitulo/20090727111813.pdf